
DaHorta é um conceito de app móvel pensada para conectar produtores locais diretamente a consumidores. Construída como um marketplace multi-lateral, permite descobrir, encomendar e receber produtos frescos em casa, eliminando intermediários e apoiando modelos de negócio sustentáveis.
O objetivo era unir comércio de proximidade e eficiência digital, criando uma plataforma que desse visibilidade aos produtores e garantisse qualidade, rastreabilidade e confiança aos consumidores — especialmente num contexto em que a COVID expôs a fragilidade da distribuição alimentar tradicional. O resultado é um sistema que equilibra consciência ambiental com conveniência diária.
Em Portugal, pequenos agricultores enfrentam limitações estruturais: operações manuais, pouca visibilidade, dependência de intermediários e dificuldade em chegar a consumidores urbanos. Ao mesmo tempo, residentes nas cidades procuram cada vez mais produtos frescos e locais, mas lidam com preços elevados, pouca transparência e falta de alternativas digitais fiáveis.
A pandemia amplificou os dois lados do problema — agricultores com excedentes de produção e consumidores a recorrer a canais informais como páginas de Instagram ou encomendas por telefone. A oportunidade era clara: criar uma ponte digital que modernizasse o comércio de proximidade sem perder autenticidade.
O desafio passou por desenhar uma plataforma que assegurasse margens justas para os agricultores, reforçasse a confiança dos consumidores e fosse simples o suficiente tanto para produtores pouco digitalizados como para compradores habituados a serviços online.
A investigação combinou dados quantitativos secundários (PORDATA, Nielsen, DECO, Marketeer, Statista) com insights de campo obtidos junto de 10 agricultores nacionais e mais de 60 respostas a questionários de consumidores. Isto permitiu validar comportamentos, expectativas e constrangimentos logísticos de ambos os lados do marketplace.
Fizemos benchmarking de serviços como UberEats, Glovo, Cuizeat, Fruta Feia, PROVE, DoCampo, Too Good To Go, Good Eggs e Instacart. A lacuna era evidente: nenhuma plataforma oferecia um marketplace totalmente transparente, focado em produtores locais e comércio de proximidade.
Usando frameworks de design thinking, mapeámos modelo de negócio, jornadas de utilizador e arquitetura digital, definindo uma visão de produto assente em clareza, confiança e ligação.
A solução DaHorta combina simplicidade com design emocional. A app permite explorar por produto ou por produtor, filtrar por proximidade e acompanhar encomendas de forma intuitiva. Cada agricultor tem a sua própria página de perfil, onde pode partilhar história, fotografias e avaliações de clientes, recuperando a confiança muitas vezes perdida em grandes plataformas de e-commerce.
A estrutura segue uma hierarquia clara, incluindo: feed inicial com produtos locais em destaque, páginas individuais de produtores com total transparência e um sistema de carrinho e entregas otimizado para pequenos produtores. Foi também considerada uma futura área de negócio para gestão de stock e acompanhamento de desempenho.
O sistema de UI inspira-se em tons naturais — verdes e ocres — que evocam frescura e ligação à terra. Um design system modular garante escalabilidade entre mobile e web, mantendo uma linguagem visual consistente.
Os testes de usabilidade com um grupo diversificado de participantes mostraram que o conceito DaHorta oferece uma experiência clara, intuitiva e fiável tanto para compradores habituais como ocasionais de canais online. O protótipo alcançou uma taxa de conclusão de 100% em cinco tarefas atribuídas e uma taxa de erro de 0%, segundo a metodologia de Success Rate do Nielsen Norman Group.
Os participantes elogiaram a simplicidade da app, o tom de voz direto e a organização clara da informação. Destacaram de forma consistente que conhecer o produtor, compreender a origem dos produtos e navegar por interfaces limpas e inspiradas na natureza aumentava significativamente a confiança.
Os testes também confirmaram o valor do modelo de negócio DaHorta: os utilizadores sentiram que estavam a contribuir para práticas mais justas, a apoiar negócios locais e a fortalecer a economia nacional — um ponto especialmente relevante face aos desafios agrícolas amplificados durante a pandemia.
Os utilizadores compreenderam de imediato a navegação, os filtros, o fluxo de encomenda e as páginas de produtores, descrevendo a experiência como simples, limpa e alinhada com o caráter natural da marca.
No geral, o projeto demonstrou como design emocional, clareza e transparência podem criar um ecossistema digital que empodera pequenos comerciantes e apoia um comércio mais sustentável e comunitário.